sábado, 28 de dezembro de 2013

Quanto tempo demora um mês?

Não sei nem se as pessoas ainda entram aqui para ler, já que eu não escrevo há quase dois meses, e logo quando eu saí do último post com a promessa de que eu voltaria para contar como estava sendo a minha trajetória com toda a história do HPV e tals. Estou aqui para contar como foi isso, e como está sendo, e todo o resto, já que, em quase dois meses muita coisa pode acontecer, e de fato acontece!
Sobre o HPV foi assim, tudo que eu escrevi no post anterior, era, segundo a leitura de exames e pelo que minha psiquiatra me explicou, porém, com a minha ginecologista a história foi outra. Na verdade, a história é um pouco pior do que minha psiquiatra achava, e do que eu acreditava também. Eu tenho uma lesão pré-cancerígena no colo do útero, lesão de alto grau, em consequência do HPV sim, porém, isso não pode ser retirado apenas com uma cauterização, como eu acreditava ser possível. É necessário um procedimento cirúrgico chamado conização, uma cirurgia que retira a parte afetada. Sim, retira, arranca… CARAIO, VÃO ME TIRAR UM PEDAÇO DO ÚTERO. Sim, vão sim.  E essa cirurgia precisa de bloco cirúrgico, anestesia geral e toda aquela coisas que me causa náuseas só de pensar. Gente de máscara, eu deitada em uma maca, aquela luz de dentista em cima de mim, e claro, sem contar a parte mais desagradável de todas, eu, de pernas abertas com umas cinco pessoas olhando a minha… vagina? Oh god, vocês tem noção do quanto isso é constrangedor?
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A pior parte de toda essa história é o valor que essa cirurgia custaria, sim, porque tudo isso, consultas e exames, foi por médicos particulares, e o valor da cirurgia seria entre 3 e 4 mil reais, dinheiro esse que eu não tenho. Então, a tortura do SUS entrou na história. Ir ao posto, passar por triagem, mostrar exames, fazer cara de choro, tentar encaixe com médico, disputar encaixe com 15 meninas grávidas, desistir do encaixe, entregar exames pra enfermeira mostrar ao médico, pegar encaminhamento  sem o médico nem olhar para a minha cara. Depois disso tudo, ir com aquele encaminhamento no posto principal da cidade, disputar uma ficha com umas 40 pessoas, esperar cerca de 2 horas por um atendimento, tudo para a menina me dizer que eles me ligariam quando a consulta tivesse disponível. E então você fica com aquela cara de ???? E vai embora porque não tem o que fazer.
Em meio a essa espera sem fim, preocupação sem fim, final de semestre na faculdade chegando, muitas noites dormindo pouco, ou nada, virando noites acordada, chegando atrasada no estágio, faltando e inventando histórias para não sair de casa, porque essa era a minha vontade eterna, não sair da cama nunca mais. E, além disso, mais uma vez, a minha casa inundou com uma chuva que teve e foi, bom, foi uma das únicas vezes depois que eu comecei a terapia que eu realmente tive vontade de morrer de verdade, de que um meteoro atingisse a minha cabeça, para que toda aquela situação simplesmente desaparecesse da minha vida.
É claro que nada aconteceu. Acabou a chuva, lavamos a casa de mangueira e vida que segue, era a única alternativa, move on.
A novidade é que  eu estou com a cirurgia marcada para dia 5 de fevereiro, e mais impressionante do que isso, é que desta vez o SUS funcionou, e rápido, e isso é algo que não se vê todo dia. Agora, nem tão novidade assim são as minhas crises existenciais que sempre retornam para atormentar o meu sossego, mas isso é conversa para outro post.
Se deliciem com esse calmamente, pois, nunca sei quando eu vou conseguir escrever outro post, vide por esse que demorei uma semana para terminar.
Beijo beijo =*

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