terça-feira, 15 de outubro de 2013

Eu tenho HPV, e você?

Demorei para criar coragem para escrever esse texto que invade tanto a minha intimidade, mas que eu julgo necessário, tanto para contar e desabafar sobre o que tenho sentido, quanto para, talvez, informar e alertar para esse tipo de problema, que, estima-se, mais de 50% das mulheres tenham.
Nunca fui lá muito fã de ir ao ginecologista, tenho sérios problemas com intimidade, e realmente, não sei se alguma mulher gosta de ir a esse especialista, eu, particularmente, acho desconfortável, me sinto vulnerável, e claro, evito ao máximo e só vou quando é estritamente urgente. Do tipo, urgentíssimo.
Eis que alguns meses atrás, com todo o stress no final do semestre da faculdade, estava sentindo os sintomas da pielonefrite (aqui tem texto sobre o que passei com essa doença) novamente, e para não deixar chegar no estado crítico decidi ir á ginecologista. Porém, o que eu não esperava que tivesse que passar acabei passando. A médica, ao descobrir que eu, aos 25 anos, vida sexual “ativa” (nem tão ativa assim) desde os 17 anos, NUNCA tinha feito o exame do colo do útero, quase me obrigou a fazer.
Sim, eu sei que eu teria que fazer anualmente esse exame, mas eu sou uma pessoa que peca em muitos sentidos, e sim, a saúde é um deles. Eu não sou uma pessoa de alimentação regrada, eu não faço exames regularmente, eu tenho um colesterol altíssimo, nunca fiz um check-up, sou sedentária, e só vou ao ginecologista quando realmente eu PRECISO ir, nos casos de não ter outra solução mesmo.
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Acontece que no resultado do exame apontou uma alteração chamada ASCUS, um tipo de HPV. WTF HPV? Sim. HPV. Papiloma vírus, aquele que causa câncer no colo do útero, que, é sexualmente transmissível? Também. Acontece, que o HPV tem uma contaminação não apenas pelo ato sexual, e também, o uso da camisinha não garante que você não contraia esse vírus. Aposto que isso você não sabia. E nem eu sabia disso. É possível pegar HPV de uma toalha usada, ao sentar no sanitário, e sim, no rala e rola COM CAMISINHA.
E então você se pergunta, como se prevenir dessa bosta?
Fazendo o exame todos os anos, e, aos mais afortunados, fazendo a vacina, que, para quem não tem o vírus, ainda é uma solução. Espero que você tenha a sorte que eu não tive. Porque, de certa forma, o HPV é uma loteria. E ao homem que transmite o vírus, dificilmente, o vírus se manifesta, pois, digamos, ele é apenas o “distribuidor”. Bacana né?
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Quando eu apresentei o resultado do meu exame para a médica ela me solicitou mais um exame, para descartar a possibilidade de evoluir para um câncer. E lá vai Daiane desembolsar mais dinheiro em exame, sim, pois, eu  não tenho plano de saúde, e o SUS na minha cidade é um horror, você morre esperando uma consulta, isso quando tem médico, porque não é sempre. Por isso, eu optei pela rapidez do particular, e é claro que essa rapidez não é barata.
O exame que eu fiz, se chama colposcopia, acompanhado de… uma biópsia, que seria feita se fosse necessário. E é claro que foi.
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Bom, depois de todo o desconforto, o resultado desse exame me deixou um pouco preocupada, como se toda a situação já não fosse preocupante, esse foi mais um ponto para a preocupação. Ainda não levei o exame na minha médica ginecologista ainda, mas levei a questão para a minha psiquiatra, porque, bom, primeiramente, ela é a minha psiquiatra, segundamente (?), ela é médica e entende, nem que seja um pouco, sobre isso.
O resultado do exame apontou uma lesão chamada NIC II, lesão de alto grau. Primeiro pensamento é : PUTA QUE PARIU, LESÃO DE ALTO GRAU, CARAIII!!
Calma, não é tão ruim assim. É grave, tem que ser feito um procedimento, mas é algo, digamos, normal.
NIC II é uma lesão pré-cancerígena no colo do útero, ela deve ser cauterizada, para evitar que evolua como um pokémon para o estágio III que antecede o câncer. NIC I, II, e III são estágios, ainda pré-cancerígenos, NÃO É CÂNCER, caraio! Essa é a coisa boa, a coisa ruim, é o procedimento de cauterização que necessita de bloco cirúrgico e anestesia local. Ou seja, mais alguns desconhecidos vão me ver de perna aberta, olha que situação mais bacana!
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Todo o meu medo, ao me abrir tão intimamente aqui e contar uma história tão pessoal, era o de ser julgada pela minha conduta sexual ou a minha “promiscuidade”, mas sinceramente, podem pensar o que quiserem.
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Eu sou uma mulher, eu tive relações com algumas pessoas, não muitas, confesso, mas, e daí? Ninguém devia me julgar. Eu mesma me intitulo vadia pelo simples fato de ser mulher, ser livre, decidir transar com quem eu quiser e não me importar com isso, e se isso faz de mim uma vadia, pois bem, prazer, Vadia, e livre. O número de parceiros e o fato de usar ou não preservativo no ato, não te deixa mais livre de passar pelo mesmo problema que o meu.
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Por isso, é necessário fazer o exame todo o ano, e no meu caso, por ter esse incidente, a cada seis meses eu terei que repetir o exame. Demora pra gente criar uma responsabilidade com certas coisas, mas, depois que se toma um susto como esse que eu estou tendo, a gente aprende a deixar a vergonha e o desconforto de lado em prol de um bem maior.
A minha pergunta é, quantas mulheres precisam passar pelo que eu estou passando pra tomar consciência de que tem que ser responsável com esses exames? O câncer que mais mata mulheres é o de mama, o segundo que mais leva a óbito é o de colo do útero, então, vamos acordar?

Beijos ;*

Fonte das imagens: Aqui, Aqui, Aqui, Aqui e Aqui.