segunda-feira, 24 de junho de 2013

Acordamos?

Eu sei, faço promessas de escrever mais frequentemente, mas não passam de promessas, vãs promessas.

Mas vim aqui para tratar de um assunto sério. Sim, eu serei mais uma, das milhões de brasileiras e brasileiros (como diria nossa presidenta) que fará uma resenha sobre o assunto mais polêmico de todos os tempos, as manifestações em todo o Brasil, e mundo, em relação ao aumento das passagens, o que acarretou em muita violência, depredações, e muita, muita história para dar capas aos jornais e revistas.

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Fonte da fotografia: Página Arquitêta no Facebook

Porto Alegre foi uma das cidades que aderiu aos protestos, e como já havia sido feito há alguns meses atrás, se reuniu em frete a prefeitura para protestar na segunda-feira (17) e na quinta-feira (20).

Eu não participei de nenhum dos protestos, por isso minha opinião é puramente do que assisti pela televisão, ouvi pelo rádio e ao passar pelo centro de Porto Alegre no momento do protesto.

Após o início dos protestos no Brasil comecei a me informar, ler em blogs, não somente nos sites de notícias, pois muitos desses mostram clara preferência por um dos lados, o que para mim, não caracteriza jornalismo sério, pelo fato de que um jornalismo sério deve oferecer a notícia sem influenciar a opinião do leitor. O que eu vi, foi que, no Rio, e em São Paulo, o movimento foi muito organizado, apesar de ainda ter problemas com a violência policial e com as depredações, o movimento foi organizado. Havia muitas reivindicações além da principal (aumento das passagens), sim, mas isso é o reflexo de anos e anos de frustração com isso entalado na garganta do brasileiro, e quando aquele aumento de R$ 0,20 ficou estipulado, acredito que tenha sido a gota d’agua, e se gerou a revolta.

Após a primeira manifestação em Porto Alegre, a qual eu não participei puramente por preguiça e falta de companhia, eu estava certa de que iria dar um jeito de participar da manifestação da quinta-feira, inclusive, já estava quase comprando óculos de proteção, máscara e alguns acessórios de proteção. Até mesmo li como me proteger de cada tipo de arma de efeito moral que pudesse ser utilizada pela polícia. Eu estava incorporando uma pessoa com consciência de manifestante, criando mentalmente frases de impacto para os cartazes que levaria para o protesto. Mesmo sabendo que no horário do protesto eu tinha trabalho de matemática para fazer, eu pretendia me juntar ao protesto após o trabalho.

Tudo realmente mudou em mim no dia do protesto de quinta-feira.

O assunto de quinta-feira não mudava, o protesto que iria parar a cidade a partir das 18 horas. Então realmente comecei a pensar sobre isso, e cada vez pensar mais. Ao sair do trabalho ás 16:00hs todo o tumulto já tinha se orquestrado, o transito ficou um caos, a tensão era visível nas pessoas, parecia a anunciação do apocalipse zumbi na cidade. Até a faculdade cancelou qualquer avaliação que tivesse no dia. Acabei passando próximo a manifestação, que não passavam de 100 pessoas, todas de guarda-chuva (na quinta-feira caiu muita água em Porto Alegre), muitos, MUITOS adolescentes bebendo vinho, como se fosse um evento recreativo, e poucos, muito poucos levando o protesto realmente á sério.

Demorei mais de 3 horas para chegar em casa, sabem o que é permanecer mais de 3 horas dentro de um ônibus comum? Sem conforto, molhada da chuva, com frio, com pessoas de pé, som alto, reclamações, crianças chorando, etc.? Bom, entendam que, uma viagem de transporte coletivo não é uma viagem de ônibus normal, é para durar no máximo uma hora, não mais que isso, o conforto desses ônibus não é o mesmo do que um ônibus de viagem, que é mais confortável justamente pelo tempo que a pessoa vai permanecer nele.

Ao chegar, assisti até provavelmente o final do protesto.

Como essas informações que obtive, vou agora expor a minha opinião sobre a manifestação em Porto Alegre.

1. DESORGANIZAÇÃO

Pessoas desorganizadas, porque, ao contrário do movimento passe livre existente em São Paulo, em Porto Alegre não existe um tipo de movimento, pois, as manifestações são organizadas por movimentos estudantis, jovens afiliados em partidos políticos e estudantes em geral. Não tem um líder, o que é necessário para que possa passar credibilidade e certa solidez ao movimento.

Não existe comunicação, não é um grupo unido.

2. CREDIBILIDADE

Não passa credibilidade um protesto em que os jovens se encontram bebendo vinho, pois, não é um evento comemorativo, ao contrário, é algo que deve primeiramente parecer sério, genuíno, e com poder da juventude, e não uma brincadeira, que era o que parecia para muitos adolescentes que lá se encontravam.

3. DEPREDAÇÃO

O movimento não deveria aceitar depredação do patrimônio público e muito menos o privado. Não é uma ideia inteligente depredar as lojas e outros estabelecimentos, pois, um movimento que luta por diminuição nas tarifas do transporte e outras coisas que envolvem grana porque tudo o que foi destruído na manifestação será pago pelo governo, logo, a grana que poderia ser investida em redução das passagens de ônibus, por exemplo, será gasta no que os manifestantes destruíram.

Claro que, obviamente, é uma minoria que depreda o patrimônio alheio, porém, essa minoria causa uma mancha no que seria um protesto pacífico, e sim, acabam representando também o movimento dessa forma. Deveriam ser impedidos de cometer esses vandalismos, pois, em outra situação, tal ato seria considerado crime. Quem depreda durante a manifestação deve ser identificado por quem leva á sério a causa e de alguma forma ser impedido de denegrir a imagem do movimento pacífico, mas como não há um líder, essas ações se tornam impossíveis.

4. CLAREZA

Falta clareza nas reivindicações, muita clareza. Não se definiu um motivo para o protesto. O motivo era a revolta com o país do jeito que está, mas isso, não é uma coisa que se chegue e diga: “Queremos que tudo mude, e queremos isso agora”. Se fosse fácil assim, já teria acontecido mudanças significativas.

E como eu disse, falta alguém para liderar o movimento, para que ele se torne sério, e não apenas uma oportunidade para os vândalos se infiltrarem e saírem pela cidade como loucos desgovernados sem discernimento sobre o que é certo e errado.

-Eu realmente gosto que o povo tenha “acordado” para as coisas que estão muito erradas no nosso país, e eu apoio tudo isso, mas, enquanto eu não conseguir ver seriedade nas pessoas que fazem parte das manifestações, esse movimento não me têm como participante.

Eu quero um país melhor para mim, e para todos nós, mas um movimento que visa apenas juntar pessoas não é o suficiente para que cause grande mobilização, as pessoas que se juntam ao movimento tem que levar a cabeça, e não somente cartazes, tem que mostrar que não sabem apenas gritar, mas que também sabem argumentar como pessoas inteligentes que são.

Protestar virou moda, a pessoa que estava sentada na frente do computador saiu somente porque foi pressionada por tudo e todos para que estivesse lá fazendo a sua parte, mas pelo menos a grande maioria não está lá protestando com bons argumentos, com soluções para os problemas do país. Uma coisa muito fácil é escrever todos os problemas de um país em um cartaz, a outra é colocar a solução para estes problemas. E isso é uma minoria que o faz.

Uma das frases que eu queria ter escrito no cartaz se eu fosse participar era : “Somente nas RUAS conseguiremos conscientizar o povo a fazer diferente nas URNAS”. Porque na verdade, é isso que falta, eleger pessoas que sejam inteligentes e que realmente façam pelo nosso país o que até agora ninguém fez.

Não sou uma pessoa que fala e gosta de política, mas o momento pede essa conscientização do povo.

(Me empolguei nesse assunto, espero que leiam até o final do texto!)

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