sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Mãos para o alto, novinha…

Essas minhas férias se resumiram á jogar paciência, ver novela e comer, e quando eu resolvi sair de casa para enfim colocar o projeto do meu quarto em dia e comprar os materiais de pintura, me acontece uma que olha… Senta que lá vem a história…

Bem, eu nunca, em toda essa minha curta vida de 24 anos fui assaltada, incrivelmente nunca fui e eu digo que isso deve ser sorte pois acontece com qualquer um, a minha irmã, por exemplo, já foi assaltada umas 3 vezes, então, eu diria que isso é sorte, muita sorte.

Já perdi uns dois celulares por pura “boca-abertice”, sabe, por distração, e outras coisas mais que perdi nessa minha vida, mas enfim, nada importante mesmo.

Uma vez, quando ia para a casa de uma amiga, de ônibus, um cara o assaltou, mas de mim ele não podia levar nada, eu tinha 4 reais no bolso e meu celular que eu coloquei em baixo da perna, foi a primeira vez que eu vi como era um assalto, apavorante, assustador e rápido, muito rápido que nem dá para lembrar de todos os movimentos, e só fica aliviada quando tudo passa.

Eis que, no dia que eu decidi ir comprar os materiais para pintar o quarto, pego o ônibus á tarde, duas horas da tarde, sento no último banco do ônibus, única e exclusivamente para sentar na janela, porque ninguém gosta de sentar no corredor. No outro canto tinha dois elementos, garotos, não mais velhos que eu, imagino, com cara de mau elementos e pareciam até drogados, mas, sei eu porque, não me meteram medo. Até passou pela minha cabeça que eles poderiam assaltar, talvez tenha sido uma intuição feminina (se é que ela existe), mas eu não a segui, e continuei sentada onde eu estava.

Quando as duas criaturas levantaram para descer, só vi eles falando para a menina que estava sentada na minha frente para ela entregar o celular, a bolsa… Gente, que momento assustador, eu só pensava no único dinheiro que eu tinha, e imaginei que seria a próxima que ele ia mandar dar a bolsa, rapidamente coloquei a bolsa no meio das pernas, não perderia o dinheiro que eu trabalhei para conseguir por conta de um vagabundo, chinelo e ladrão. Assim que os garotos conseguiram o que queriam da menina, desceram do ônibus e correram em direção á uma vila.

Essa foi por pouco, foi muita sorte minha, e fiquei com muita raiva de me sentir tão indefesa contra tudo isso, contra essa criminalidade da qual não é minha culpa.

Sabe, ainda pretendo um dia começar a fazer algum tipo de luta, ou defesa pessoal, por que a minha vontade era pegar aqueles dois piás e CAGAR a pau, porque esse tipo de coisa é falta de laço. Sério, se as pessoas começassem a se proteger dessa forma, a criminalidade talvez fosse menor. É claro, eu falo isso porque eu tinha certeza de que aqueles dois merdinhas não estavam armados, por isso, a minha vontade era de reagir, mas se eu soubesse que estava armados eu não teria coragem. Se dois ou três homens resolvessem ser homens naquele ônibus e protegessem a menina que foi assaltada, tenho certeza que não teriam levado o celular dela.

Eu sempre achei que assaltar ônibus é a coisa mais desumana que se pode fazer, pois, se a pessoa tá andando de ônibus é porque não tem condições de andar de carro, e quem anda de ônibus é o pobre cidadão trabalhador que está todo dia na batalha, trabalhando, suando, e vem um vagabundo tirar tudo o que a pessoa suou para conquistar. Deveria ser espancado só pela tentativa. A impunidade dá muita raiva, a cara de pau desses bandidinhos também dá.

A parte ruim é todo o trauma que se fica, hoje ando segurando sempre a minha bolsa com tanta força que chega a doer a mão, qualquer pessoa que se aproxima de mim já me deixa alerta, qualquer pessoa com cara ou aparência suspeita já me deixa em pânico, sabe, talvez isso sirva para eu ficar mais atenta, mas viver sempre desconfiada e com medo é um saco, não se pode mais sentir-se segura na minha cidade, na minha rua, no ônibus que eu ando, e isso, sim, isso é a maior merda.

Bem… Desabafei… E o que eu comprei para pintar o quarto? Só conto no making of!!

Bêj

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