quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Mãos para o alto, novinha - Part. III


Sim, esse é mais um post da trilogia de assaltos, pois ninguém tem mais sorte que eu para pegar ônibus que são propícios aos assaltantes.

É amigos, lá estou eu, fazendo o meu trajeto econômico para a faculdade (caminhar 5 quadras, pegar um ônibus com passagem á 50% de desconto, descer, pegar outro ônibus sem pagar a 2° passagem), caminho esse que me cansa e é uma bosta, mas é o que resta, porque ao invés de eu pagar R$ 6,60 de passagem, eu pago apenas R$ 2,85 fazendo esse trajeto, em um mês a economia é de R$ 244,00. Então, esse é o percurso escolhido, e foi o escolhido naquela quinta-feira á tarde, 16:00 hs, ônibus tranquilo, nem cheio, nem vazio.

Aqueles elementos que passaram de dois pela roleta me despertaram um certo medo, mas, devido ás circunstâncias de que: era á tarde, um raio não pode cair 3 vezes no mesmo lugar e que tinha uma quantidade relativa de homens naquele veículo, eu deduzi que não poderia acontecer um assalto naquele ônibus.

E sabe, eu devia ter seguido meu 6° sentido e ter descido daquele maldito ônibus. Ao mesmo tempo, fico me perguntando que se toda vez que eu achar alguém suspeito eu for descer do ônibus, vai valer mais á pena fazer o trajeto mais caro. E sim, um raio cai duas vezes no mesmo lugar, e pelo jeito, três vezes também.

Enfim, quando o cara (e mais os seus TRÊS comparsas) anunciou o assalto, ARMADO, e mandou as pessoas se abaixarem eu só pensava: PUTA QUE PARIU, DE NOVO?

E a presença de homens no ônibus é totalmente inútil perante a uma arma de fogo, então o meu raciocínio sobre me sentir mais segura tendo homens no ônibus foi mandado pro beleléu. E sobre o horário, ser de tarde é completamente irrelevante, sendo que dois, dos três assaltos que presenciei foram durante a tarde.

E desta vez quase me deu um siricutico, tremedeira, nervosismo total, no fim, só pediram o meu celular, aquele que caiu no vaso sanitário há 3 semanas atrás e foi secado com secador de cabelo, aquele que veio direto da China, aquele que nem entrar na internet entra, aquele que já caiu no chão incontáveis vezes, aquele que de vez em quando desliga sozinho… É, esse celular velho que me levaram, mas era o MEU celular velho, fui eu que tive que pagar quase o preço dele em tarifas alfandegárias para retira-lo no correio, fui eu quem esperou mais de dois meses para ele chegar direto da China. É esse celular que vai ser trocado por pedra de Crack ali na boca de tráfico mais próxima.

A parte difícil para mim é o trauma que vai ficando, sabe? Não tenho mais tranquilidade, não tenho mais sossego, e tenho entrado em pânico nesse percurso casa-faculdade-casa, é difícil viver com medo, é difícil aceitar que somos tão vulneráveis e indefesos, é difícil, é mais que isso, é uma sensação de total impotência e indignação, e nada se pode fazer.

A minha tristeza vai além disso, vem bater aqui á minha porta da depressão, porque, se eu tivesse grana, eu teria carro, se eu tivesse carro, eu teria seguro, e se eu tivesse seguro, eu estaria assegurada de que meu bem material seria devolvido, ou parcialmente. E eu não tenho grana, eu não tenho carro e muito menos seguro, nem de vida. Então bate a sensação de que, eu vou demorar anos para ter meu carro, eu passarei anos com esse medo todo o santo dia, na ida e na volta da faculdade, e dá um desânimo na vida isso.

É triste velho, é muito triste ser dependente deste transporte público decadente, inseguro e precário. E eu me pergunto, em que botão que aperta para parar de brincar de vida, gente? Tem uma porta de saída de emergência da vida? Uma escada de incêndio? Um túnel subterrâneo? Tem?

É nesses momentos tão tensos que a depressão chega, atrapalha a nossa vida e faz a gente querer desistir, porque é muito mais fácil desistir do que viver, sabe? Então, porque a gente insiste tanto nessa tal de vida, se ela é tão difícil? Coisas que tenho que descobrir na terapia.

Algumas linhas foram escritas sob efeito do Rivotril, porque, depois de meses sem tomar, no dia de hoje, depois deste assalto e de todo esse nervosismo, eu mereço tomar um calmante, pelo menos uma vez na vida.

E é por isso que não tenho postado, não tenho mais levado o computador para a aula por motivos de MEDO.

Bêj pros sortudos que não passam por essas situações diariamente, é muita suerte mesmo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário